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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Poemas ... para as minhas horas

Um poema metafísico

Sou um passageiro do tempo

Sou um Ente do Ser

Que se mostra e desaparece

Só posso ser sendo

Meu destino ninguém tece

Acontece!

Sou um Ente do ser

Suspenso no nada

Sou minha consciência

Primordial, inacabada

Sou o princípio e serei fim

De uma consciência alienada

Sou a vida passando em mim

Sem eu poder fazer nada

Sou no tempo um ser do Ser

Sou do sul, sou do norte.

Sou um ser ai no mundo

Para a vida e para a morte

Passageiro do tempo

Sou esse momento...

Esse segundo...

(Adilson)



Eu queria escrever um poema...

Eu queria escrever um poema à vida.

À vida sem ilusões, sobre o Ser e o Sentir.

Seriam as ilusões sonhos?

É possível sonhar sem existir?

Eu queria escrever um poema à alma.

À alma e sua essência.

Se a vida é passageira,

O que está para além de sua existência?

Eu queria escrever um poema

Leve, tranqüilo e sereno;

Que transformasse em si a vida

Numa vida mais amena.

Eu queria escrever um poema

Que a alma se transformasse

Dia a dia após dia

Numa alma menos pequena.

Eu queria escrever um poema...

(Adilson)

Partiste no açoite do vento ....

Saudade, aflição, agrura,

Que vem no uivo do vento

Canção triste, triste amargura.

Não é só o uivo é também o lamento;

Tela Branca, de branca alvura

Qual regato que corre no solo

A razão cede à loucura

Pedindo aconchego ou colo

Há um porque dessa ruptura

Fugiste no escuro da noite

Nem olhaste para trás

Não deixaste pegadas ou rastro

Há de ti apenas a imagem

Que o tempo Não desfaz

Partiste no açoite do vento ....

(Adilson)



Confesso também que vivi

Era criança e brincava

Atirava pedras no lago

Imensidão de remanso sem fim

As ondas que se formavam

Era o lago sorrindo pra mim

Era criança e cresci

Atiraram pedras em mim

As pedras, deixei pelo caminho.

Neruda , confesso também que vivi...

(Adilson)



Poesia?

Para que serve a poesia?

Para falar de flores,

Do amor e suas dores?

Para falar do Céu.

do universo de estrelas?

Como é seu nascimento?

Bastam folha e papel?

Ou nasce do meu pranto,

Das lagrimas que limpo e seco?

A quem ela pertence ,

Se a recito em alta voz?

O eco traz-me-a de volta

E se ela me pertencia

Agora não pertence mais.

Corre agora para o mundo,

Como o rio à sua foz

Já não sou mais só eu

Sou o eco e minha voz.

(Adilson)

EVANESCE

Tuas artimanhas,

palavras vãs,

palavras vazias,

discussões banais,

pintam um veleiro

afastando-se do cais.



Tuas palavras frias,

meras armadilhas,

tornam-me distante,

mais e mais.

Tu não te vês,

Mas é assim...

Tu te tornas uma ilha,

A milhas

E milhas de mim.

(Adilson)



Quando ...



Quando...

Os olhos são janelas

Por onde não se pode sair

Quando...

Os lábios outrora risonhos

Não podem mais sorrir

Quando ...

Versos tristonhos

Teimam em existir

quando...

Passos cansados lentos

caminham para dormir

Quando....

Lágrimas me seca o vento

Cujo pranto ninguém pode ouvir

Quando tudo terminar

A chuva cair

No entanto lavará o pranto , tanto

Que o ausente canto

Faz nova canção surgir

quando...

(Adilson)

Saudades...

Abraça-me agora

Não digas nada...

Tanto faz...



Se és mar aberto,

Baia ou enseada.

Se és porto de partida ou chegada.

Se és desatino,

Caminho ou caminhada...

Nau que se afasta

Ou se aproxima do cais.

Se és ausência,

Ou reencontro,

Mensagens em garrafas

Que
uma única onda traz

Tanto fez , tanto faz



Abraça-me agora.

Abraça-me apenas...

Tanto...tanto...tanto...

E não digas nada...

Tanto faz...

(Adilson)



Fugaz



Não sei se vou,

Não sei se fico,

Não sei se divido

Ou se multiplico.

Dois passos a frente

Andando em círculos.

Dê-me
o prazer dessa dança?

Tenho dançado sozinho!



Vida intricada,

De estranhas tranças.

Por onde começa

Ou termina o caminho?

Escolhas tantas,

Que o olhar se perde.

Coisas mundanas e santas.

Basta ler o jornal,

Monitor de vídeo,

Bola de cristal.



Numinoso destino

Frugal e passageiro

Onde vai parar?

No gesto...

No corpo...

No silêncio

Que silencia

A palavra no Ar...

(Adilson)

Psiu!

O silêncio do Nada, do todo,

Ou da imensidão do mar

Que palavra diz o silêncio?

O que é o falar?

Se a linguagem é de escuta

A palavra é a luta,

A rasgadura do silêncio.

O som do silencio é o não dito,

Do que se pretende dizer.

A fala a linguagem limita

Do não saber o que fazer

Quando o coração grita:

Psiu! Silêncio!

(Adilson)



Lembranças



Esse lugar silencioso

Imagens cândidas e velhas

Sombras desbotadas pelo tempo

Lembranças no meu peito de pedra.



Luz que alumia e agora dorme

Ondas que na praia são espumas

Vagas que vazias flutuam

Escondem o sol e trazem brumas



Cercanias de muros brancos

Tapumes verdes de esperança

Crescem heras pelos cantos

Que as vistas não alcançam



Rosto amado de branca tez

Retorno sempre aqui

Onde ouvia sempre um nunca

Agora ouço talvez.

(Adilson)

Traze-me a boa nova...

Traze-me a boa nova

No gesto, na palavra, no sorriso,

Do retiro, desses teus anos de ausência.

Desse voluntário exílio.

Traze-me a boa nova

Anuncia tua insurgência

Contra o tempo acordado que já passou

Mesmo palavras sonolentas

Tenho ouvidos para ouvir

Traze-me a boa nova...

(Adilson)

Caminhos



E assim como Zaratustra falou:

Não tenho mais olhos para ninguém

Não carregarei nenhum peso morto

"Requiescat in pace"

Fantasmas do meu passado

Palavras murmuradas, réquiem



Olhem meu rosto , minha face,

Meus pés cansados de caminhos tortos

A vós , miro com desdém

Não há seguidores

Que possam me seguir

Minhas pegadas estão na areia

Que a onda do mar apagou...



Leio as estrelas

Tenho o céu por teto

Há muito deixei todo o apego

Carrego somente afeto



pois ,

Não há seguidores

Que possam me seguir

Minhas pegadas estão na areia

Que a onda do mar apagou...

(Adilson)

Janelas



Chuva fina , mansa miúda

Molha a paisagem desses dias de inverno

Entranha-me, não sei como o sinto

O cheiro da chuva e da terra molhada

Tenho os olhos molhados

De saudades , não minto

Olhando o mundo de minha janela.



Os pingos caem e correm

Como soldados de chumbo

Na enxurrada descendo a ladeira

O aroma , o cheiro , as panelas

Fogão à lenha , comida caseira

Fez-se o tempo no já faz tempo

Acomodam-se, ficam, querem pousada

Lembranças que são tão minhas



A garoa toma o dia

Pinta a paisagem de mansinho

Cai a chuva descansada

Como se fora uma chuva miudinha ...

Fogão à lenha , aconchego , ninho

(Adilson)



Caminhos II

Os Caminhos que separam

São os mesmos que unem.

Em rostos que não se reparam,

Nas bocas que não se calam,

Nos aflitos que não dormem.

Nada como antes,

Tudo como agora.

Somos todos retirantes.

Então ...

Sem traçar caminhos vim

(Adilson)

Poema Urbano

Moço...

Não cave o poço,

O poço é fundo,

Engana o moço.

Na freguesia

Sobe e desce,

Pó e pedra,

Pintura ,esboço

De Confusão.

Olha a sirene,

Vem o Jornal,

Empurra-empurra

Sem hospital.



Vai lá não.

Placas tortas

Indicam rumos

Sem direção.

Você teimou,

Escorregou

Não levanta mais.

Cadê o chão

A vida é osso

Quebra pescoço

Tome um lençol

Cubra seu rosto

Descanse em paz...

(Adilson)







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